Quase duas décadas atrás, no corredor do centro de Columbus, Ohio, o centenário edifício Lazarus passou por uma extensa reforma para salvar a loja de departamentos e restaurá-la à sua antiga glória. Sessenta milhões de dólares foram investidos em sua restauração e transformação em um complexo comercial e de escritórios. Durante a construção, os trabalhadores reciclaram quase 2.300 kg de aço, 900 kg de concreto e quantidades significativas de carpetes, forros e vários tipos de madeira, evitando que 10.000 kg de detritos fossem para os aterros sanitários de Ohio. Eles também economizaram mais de US$ 25 milhões implementando esse rigoroso processo de reciclagem.
Quando pensamos em edifícios, destacamos quais medidas sustentáveis podem ser tomadas antes da construção e durante a operação. Mas e quando a vida útil de um edifício chega ao fim ou quando um edifício precisa de uma reforma significativa? O setor da construção é responsável por mais de um terço de toda a demanda de energia em todo o mundo e também é responsável pelo maior volume de resíduos, o que ocorre em grande parte quando os edifícios são demolidos. Hoje, apenas uma fração dos resíduos de construção está sendo reutilizada. Ao mesmo tempo, o mundo está cada vez mais pautado pela crise ambiental - sempre nos pressionando a buscar maneiras de separar e reutilizar materiais antigos. Os arquitetos podem interromper o ciclo interminável de demolir o que antes era novo apenas para reconstruir novamente, promovendo benefícios financeiros e ambientais ao usarem materiais de construção reciclados. Embora ninguém queira pensar na demolição de seu prédio, se começarmos a repensar como os edifícios são montados, podemos entender melhor como eles podem ser desmontados. Deve-se considerar os custos, logística e impactos ambientais associados à demolição, triagem, remoção, trânsito e processamento de materiais.
É importante observar a diferença entre reciclar e reaproveitar materiais de construção. A recuperação é quando um produto pode ser usado novamente com o mínimo de processamento ou alterações, como uma janela residencial ou armários de cozinha. Os materiais reciclados envolvem um processo de trabalho intensivo para quebrá-los e deixá-los em seu estado original. Aço, vidro e placas de gesso são materiais altamente recicláveis. Estima-se que mais de 95% do aço estrutural pode não ir para o aterro, e 70% do aço usado para reforçar o concreto também. O drywall pode ser reciclado quando mantido inteiro, o que significa que precisa ser removido com cuidado, e o vidro pode ser triturado e refeito em novos produtos.
O custo é um fator importante para tornarmos a reciclagem de materiais de construção um processo mais eficiente e também incentivar o setor de design e construção a implementá-la. É sabido que a reciclagem, embora mais demorada, é menos dispendiosa do que transportar tudo para um aterro sanitário. Os itens podem ser classificados no local à medida que são removidos ou coletados e levados para uma instalação onde são separados. Os empreiteiros podem economizar significativamente com aterro e receber vários créditos fiscais do governo se optarem por reciclar materiais de construção.
Em Massachusetts, o custo para descartar blocos de concreto em um aterro é de cerca de US$ 140 por tonelada. Para reciclar o mesmo materia, custa apenas $ 21 por tonelada. Levando em consideração a economia de custos de drywall, metal e vidro, é possível economizar milhares de dólares, dependendo do tamanho do projeto. A EPA (Agência de Proteção Ambiental) desenvolveu um modelo de Excel gratuito com um passo a passo para calcular a viabilidade e o valor da desconstrução de edifícios, recuperação e reciclagem de materiais e lucros potenciais.
A reciclagem de materiais de construção é crucial para compensar os fatores ambientais, mas também pode ajudar a reduzir os custos gerais do projeto. Embora o processo de classificação e economia possa ser demorado, o futuro da construção de novos edifícios e reforma dos existentes dependerá muito de nossa capacidade de entender como reutilizar materiais antigos.
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